Inúmeros são os benefícios do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses: diminuição da incidência de infecções respiratórias, diarreia, otite, diabetes, asma, entre vários outros. O Ministério da Saúde recomenda que a amamentação seja mantida até os dois anos de vida ou mais, porém de forma complementada, ou seja, com a introdução gradual de alimentos à dieta.
Até então, o leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais da criança. No sexto mês de vida o bebê já desenvolveu melhor o paladar, os reflexos necessários para a deglutição e sustentação da cabeça, o que facilita a alimentação oferecida. Além disso, o grau de tolerância gastrointestinal e a capacidade de absorção dos nutrientes atingem um nível satisfatório.
As crianças que foram amamentadas de maneira exclusiva e em livre demanda até os 6 meses de idade desde cedo desenvolvem o autocontrole da fome e saciedade, então não se preocupe se ela deixar comida no prato. E inclusive o tato é um dos sentidos mais importantes nessa fase da vida, portanto deixe o bebê livre para “explorar” os alimentos e literalmente pôr a mão na massa. É importante não forçar a criança a comer ou brigar por conta da sujeira senão a criança vai associar a hora da refeição a momentos não prazerosos, e isso poderá influenciar na qualidade da sua alimentação no futuro.
Segue abaixo o esquema alimentar para crianças menores de dois anos de idade, que apesar de não ser rígido, serve como guia em relação à época e frequência da introdução à alimentação:

Após completar 6 mesesApós completar 7 mesesApós completar 12 meses
Aleitamento sob livre demandaAleitamento sob livre demandaAleitamento sob livre demanda
Papa de frutas – meio da manhãPapa de frutas – meio da manhãRefeição com pão, fruta com aveia – começo da manhã
Papa salgada – final da manhãPapa salgada – final da manhãFruta - meio da manhã
Papa de frutas – meio da tardePapa de frutas – meio da tardeRefeição básica da família - final da manhã
Papa salgada – final da tardeFruta – meio da tarde
Refeição básica da família - final da tarde

Os alimentos devem ser servidos de colher, sob a forma de papas ou purês, sem passá-los pela peneira ou liquidificador, e deve-se preferencialmente oferecer cada alimento separadamente, para estimular o paladar, o olfato e a visão do bebê. Passa-se então a aumentar gradativamente sua consistência até que se chegue à alimentação da família. A oferta do leite materno não deve ser feita logo antes ou após as refeições, para que não prejudique o apetite da criança e a absorção dos nutrientes.
Procure variar a dieta a fim de que a criança receba todos os nutrientes necessários para o seu correto crescimento e desenvolvimento, e contribua na formação de hábitos alimentares saudáveis. Saiba que é normal os bebês fazerem careta ao experimentar a comida, afinal eles até então só conheciam o gosto do leite, que inclusive é a razão pela qual eles têm preferência pelo sabor doce. Caso a criança rejeite algum alimento, o ofereça de 8 a 10 vezes antes de cortá-lo da sua alimentação.
A papa salgada deve conter alimentos dos seguintes grupos: cereais e tubérculos (arroz, macarrão, batata, mandioca...), leguminosas (feijões), carne ou frango e hortaliças (verduras e legumes). Em relação às frutas, é importante frisar que nenhuma é contraindicada, e que os sucos naturais devem ser ofertados após as refeições principais, e não em substituição a elas, numa dose máxima de 240 ml/dia. Nos intervalos é necessária oferecer água tratada à criança.
O açúcar e o sal devem ser evitados, e os temperos que podem ser usados (em pouca quantidade) nas papas salgadas são o alho, cebola, tomate, pimentão, salsa, cebolinha, hortelã, alecrim, orégano, manjericão, coentro, noz-moscada, cominho, manjerona, gergelim, páprica e louro.
Não ofereça mel ao seu filho no seu primeiro ano de vida devido ao risco de contaminação por botulismo. Deve-se evitar também alimentos como clara de ovo, castanhas, peixes e frutos do mar, principalmente se houver casos de alergias alimentares na família.
A alimentação complementar, por si só, representa elevado risco para o bebê, tanto pela oferta de alimentos inadequados quanto pelo risco de contaminação, que pode levar à diarreia e desnutrição. Portanto, lave bem as mãos antes de preparar e oferecer a alimentação à criança; cozinhe bem os alimentos contidos nas papas salgadas; escolha frutas sem nenhum tipo de machucado, lave-as bem antes de serem descascadas, inclusive as que não serão consumidas com a casca; a sobra do prato, copo ou mamadeira não deve ser oferecida novamente. A correta higienização dos hortifruti deve ser da seguinte maneira: lave bem em água corrente para retirar as sujidades e deixe-os de molho em solução de hipoclorito de sódio por 15 minutos, depois passe em água corrente e potável novamente.
Embora a comida feita na hora seja mais gostosa, já que seu sabor, cor, textura e aroma e nutrientes são melhor preservados, o seu congelamento facilita muito a vida do cuidador.
Primeiramente realiza-se o processo de branqueamento dos alimentos, que nada mais é do que reduzir a sua temperatura para que sejam congelados. Para tal, coloque a papinha em uma vasilha (de preferência de vidro) e posteriormente a ponha dentro de uma bacia maior com água e gelo. Mexa até que chegue à temperatura ambiente, para que assim cesse o cozimento. Porém tome cuidado para que a papinha não entre em contato com essa água utilizada no resfriamento!
Guarde a papinha em recipientes tampados, de vidro ou de plástico livre de bisfenol, previamente higienizados e esterilizados por 5 minutos em água fervente. O congelamento deve ser realizado em porções individuais, uma vez que não se congelar as papinhas novamente. Por último, etiquete cada recipiente com os ingredientes utilizados, para que não acabe oferecendo a mesma por vários dias seguidos, além da sua data de preparação e validade, que equivale a até 30 dias após seu preparo. O descongelamento deve ser feito em geladeira, de 12 a 24h antes da oferta da papinha, e para servir esquente em banho-maria.