A dermatite atópica é uma doença crônica inflamatória da pele, com períodos de exacerbações e remissões, que se caracteriza por prurido intenso e lesões eczematosas.
Sua prevalência vem aumentando nas últimas décadas. Apesar dos fatores envolvidos nesse aumento não estarem bem esclarecidos, acredita-se que a predisposição genética, fatores ambientais, poluição, exposição a alérgenos e infecções podem estar envolvidos.
Os alérgenos ambientais incluem aeroalérgenos e, em alguns casos, alérgenos alimentares. Para estes últimos, a sensibilização ocorre, principalmente, através do sistema digestório. Há evidências que pacientes com dermatite atópica apresentam absorção facilitada de proteínas alergênicas, devido à presença de IgE nas células epiteliais do trato gastrointestinal, contribuindo com a sensibilização. Estas proteínas alergênicas absorvidas podem circular sistemicamente, deflagrando a reação imuno-inflamatória na pele de pacientes geneticamente predispostos.
Microorganismos também podem atuar como desencadeantes do processo alérgico em pacientes com dermatite atópica. Muitos pacientes são colonizados por Staphylococcus aureus e apresentam exacerbação do processo imuno-inflamatório secundário à infecção por este agente. Aproximadamente 60% dos pacientes com formas moderada e grave da doença apresenta IgE anti-exotoxinas de Staphylococcus aureus, que também podem atuar como superantígenos, causando hiperativação de células T e potencializando o processo inflamatório.
Estratégias preventivas importantes incluem a promoção do aleitamento materno e o parto vaginal, o uso criterioso de antibióticos perinatais, bem como a prevenção do tabagismo materno.
Recomenda -se que a amamentação se estenda por pelo menos 6 meses. Os oligossacarídeos complexos presentes no leite materno facilitam o estabelecimento de bifidobactérias no intestino do neonato, estimulando a resposta mediada por linfócitos T reguladores e promovendo o desenvolvimento de tolerância.
Evidências recentes sugerem que a suplementação com probióticos no período perinatal pode reduzir o risco de dermatite atópica, além de outras doenças.
Wickens e colaboradores investigaram a suplementação com Lactobacillus rhamnosus, de 400 crianças até 2 anos de idade, entre a trigésima quinta semana de gestação e o sexto mês de amamentação,. Foi observada redução significativa da prevalência de eczema e rinoconjuntivite até os 4 anos de idade no grupo suplementado.
Os probióticos tem ação imunomoduladora, por exercerem efeitos estimulantes sobre o sistema imunológico inato e adaptativo do intestino, melhorarem as funções da barreira mucosa, induzirem a produção de citocinas anti-inflamatórias e facilitarem a indução de tolerância.